Brasília está prestes a reabrir um de seus equipamentos mais emblemáticos. Após quase 12 anos de portões fechados, o Autódromo Internacional da capital será reinaugurado com uma estrutura remodelada, tecnologia atualizada e o mesmo traçado extenso que fez o circuito ganhar fama desde os anos 1970.
A ligação da cidade com a velocidade vem desde sua fundação. Em 1960, a jovem capital apresentou ao país um espetáculo improvável: carros de corrida rasgando o Eixão Sul no GP que homenageava Juscelino Kubitschek. A empolgação com as provas de rua acabou impulsionando a construção de um autódromo próprio no fim daquela década, um projeto ousado para a época e que seria inaugurado oficialmente em 1974.
O desenho da pista surgiu após viagens técnicas de engenheiros do então DER a competições internacionais, onde puderam mapear as tendências do automobilismo moderno. A principal conclusão foi clara: Brasília precisava de um traçado longo, veloz e com características que permitissem diferentes tipos de provas. Assim nasceu a pista de 5.384 metros, extensão superior à de Interlagos e maior também que a antiga e tradicional pista de Jacarepaguá.
Traçado versátil e curvas de alta velocidade
O circuito brasiliense passou por melhorias sem perder sua assinatura original. Ao todo, os 5,3 km podem ser organizados em seis configurações diferentes, somando 16 curvas , nove para a direita e sete para a esquerda — além de três retas generosas. A maior delas, com 803 metros, impulsiona velocidades altas desde a largada.
A curva inicial, conhecida pela inclinação e pela alta exigência técnica, foi preservada e reforçada. A largura da pista, com 15 metros no grid e 14 no restante do traçado, permite disputas lado a lado sem comprometer a segurança.
Responsável pela administração do complexo desde 2022, o BRB destaca que a modernização ampliou as possibilidades do circuito. Em novo depoimento, Paulo Henrique Costa, presidente da instituição, afirma:
“Reestruturamos o autódromo pensando em pilotos, equipes e no público. Incorporamos alternativas de traçado, corrigimos pontos críticos e criamos trechos que permitem ganho real de velocidade. Brasília volta ao mapa com um circuito único no país.”
A concessão do espaço ao banco tem validade de 30 anos, tempo suficiente para expandir o plano de desenvolvimento do complexo.
Reforma histórica e novos equipamentos
A reforma conduzida pelo Governo do Distrito Federal representa a primeira grande intervenção desde a inauguração do autódromo. O projeto preserva o traçado original, mas atualiza o circuito para atender às normas de segurança da FIA e da FIM.
Foram instaladas 13 áreas de escape, 10 mil metros de guard rails, 90 mil pneus de proteção, 3,5 mil metros de zebras, além de um paddock ampliado e áreas de brita redesenhadas para absorção de impacto. Para o superintendente do Autódromo BRB, Fernando Distretti, as mudanças colocam o espaço em padrão internacional. “Nossa prioridade foi entregar um autódromo seguro e apto a receber grandes competições. Todo o desenho foi revisado para garantir homologaçãi internacional, sem abrir mão da identidade histórica da pista.”
A segunda etapa das obras, prevista para 2026, vai acrescentar mais de 40 boxes permanentes, um kartódromo e um centro médico avançado. Em seguida, virá a fase de expansão do complexo, que prevê lojas especializadas, áreas para eventos e um Museu do Automobilismo. O investimento total deve alcançar R$ 100 milhões.
Reabertura com a Stock Car e programação gratuita
A retomada das atividades está marcada para 30 de novembro, quando Brasília receberá a penúltima etapa da Stock Car 2025. O evento terá show de Bell Marques e uma série de ações preparatórias nos dias que antecedem a corrida: desfile de carros pela cidade no dia 27, visitação de estudantes no dia 28 e treino com corrida sprint no dia 29.
O BRB vai distribuir ingressos gratuitos, e o GDF ampliará o programa Vai de Graça para o sábado, garantindo transporte público sem tarifa e facilitando o acesso dos torcedores ao autódromo.
Com a reabertura, Brasília não apenas recupera um equipamento histórico: ela volta a ocupar seu lugar no cenário esportivo nacional e internacional, reafirmando uma tradição que começou ainda nos primeiros anos da capital.


