Mais do que produzir estatísticas, o Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) passou, em 2025, a exercer um papel silencioso e decisivo na engrenagem do governo. Longe do formato tradicional de relatórios técnicos, o instituto avançou na construção de diagnósticos que influenciam diretamente o planejamento, a execução e a avaliação das políticas públicas no DF.
O movimento ficou evidente na forma como o IPEDF reorganizou sua atuação: menos acúmulo de dados e mais capacidade de leitura territorial e social. A atualização das pesquisas domiciliares, por exemplo, ampliou o entendimento sobre quem vive no Distrito Federal, como se distribuem as oportunidades e onde se concentram as desigualdades. Esse retrato passou a servir como base para decisões em áreas sensíveis, como assistência social, trabalho e desenvolvimento urbano.
A integração de informações históricas e atuais também ganhou protagonismo. Ao sistematizar décadas de políticas públicas em uma única plataforma, o instituto passou a oferecer uma visão contínua das ações do Estado, permitindo identificar padrões, rupturas e gargalos. Na prática, o que antes estava disperso virou ferramenta de análise para gestores e técnicos.
Temas até então pouco explorados entraram no radar institucional. Estudos sobre o funcionamento dos restaurantes comunitários ajudaram a compreender o alcance real da política de segurança alimentar. Já a análise sobre o comportamento de apostadores abriu espaço para o debate sobre impactos sociais associados ao crescimento dos jogos de azar no DF — um fenômeno recente e ainda pouco mapeado.
Na agenda social, o instituto aprofundou o olhar sobre a violência contra a mulher ao ouvir milhares de moradores em todas as regiões administrativas. O levantamento permitiu ir além dos números oficiais e capturar percepções, contextos e dinâmicas locais. Em outra frente, a religiosidade e as práticas de fé passaram a ser investigadas como elementos centrais da vida social, ampliando a compreensão sobre identidade e comportamento coletivo.
A dimensão ambiental também passou a integrar de forma mais estruturada o planejamento público. Ao comparar regiões administrativas a partir de indicadores ambientais e testar ferramentas de mensuração de emissões, o IPEDF contribuiu para inserir o debate climático no cotidiano da gestão governamental, deslocando o tema do discurso para a prática.
Internamente, o instituto avançou em áreas estratégicas da administração pública. O mapeamento do patrimônio imobiliário do DF fortaleceu o controle sobre bens públicos, enquanto o diálogo com protetores de animais permitiu organizar demandas e orientar políticas específicas. Paralelamente, a produção de indicadores econômicos seguiu como base para análises sobre emprego, renda, inflação e atividade produtiva, sempre com recortes que evidenciam diferenças geracionais, raciais e territoriais.
Com essa atuação, o IPEDF encerra 2025 menos como um órgão técnico isolado e mais como um agente de tradução da realidade do Distrito Federal. Uma ponte entre o dado bruto e a decisão pública. Para 2026, a expectativa é de aprofundamento desse modelo, com novas pesquisas e estudos capazes de ampliar a leitura sobre a capital e sua relação com o Entorno.


