O Distrito Federal deu início, nesta semana, ao projeto Covid Combate, um treinamento voltado a profissionais da Atenção Primária com o objetivo de aumentar a vacinação infantil contra a covid-19. A primeira turma reuniu 125 servidores da Secretaria de Saúde, que, ao longo de quatro semanas, aprenderão estratégias para orientar pais e responsáveis e combater informações falsas sobre imunização.
O curso é semipresencial e foi desenvolvido em parceria com o Instituto de Pesquisa e Apoio ao Desenvolvimento Social (Ipads), o Conasems e a empresa farmacêutica Pfizer. Brasília é a 13ª cidade a receber a iniciativa, que já passou por 12 municípios do país.
A baixa cobertura vacinal é motivo de preocupação. Segundo a médica de família e comunidade Lívia Antunes Mariosi, a imunização de grupos prioritários (crianças de seis meses a menos de cinco anos, gestantes e idosos) está muito abaixo do esperado. “A vacina está disponível, mas a procura ainda é pequena. Enquanto a meta é atingir 90% do público-alvo, hoje chegamos a apenas 13%”, alerta.
Para a gerente da Rede de Frio Central da SES-DF, Tereza Luiza Pereira, mesmo com a fase mais crítica da pandemia superada, a covid-19 segue sendo um risco, especialmente para crianças pequenas. “Entre os vírus respiratórios, a covid foi um dos que mais causaram mortes este ano. Crianças até cinco anos são especialmente vulneráveis devido à baixa cobertura vacinal. É doloroso pensar que vidas poderiam ser protegidas por uma vacina segura e eficaz”, afirma.
Ela ressalta ainda que, mesmo que a imunização não elimine totalmente a infecção, ela reduz significativamente a chance de casos graves.
O projeto também surge em resposta à circulação de informações falsas sobre a vacinação infantil, que têm levado famílias a adiar ou recusar a imunização. O presidente do Ipads, Thiago Lavras Trapé, destaca a importância de preparar os profissionais para lidar com esse desafio. “Quando notícias falsas influenciam decisões, as famílias acabam adiando vacinas importantes. Nosso objetivo é dar aos profissionais ferramentas para orientar corretamente e reconstruir a confiança das pessoas”.
Durante a capacitação, os servidores aprendem técnicas de abordagem que priorizam o diálogo e o acolhimento, como a entrevista motivacional, que ajuda a criar vínculo com os pais antes de confrontar resistências.
“A chave é ouvir atentamente os pais. Quando eles se sentem compreendidos, é muito mais fácil corrigir informações equivocadas e incentivá-los a vacinar os filhos”, explica Trapé.
A expectativa é que os profissionais capacitados atuem como multiplicadores, reforçando a importância da vacinação infantil em todas as unidades de saúde do Distrito Federal.


