Faltando cerca de um ano para as eleições, o cenário político do Distrito Federal começa a tomar forma — e o centro dessa engrenagem tem nome e endereço certos: Celina Leão (PP). Segundo pesquisa do Instituto Ipespe, realizada entre os dias 27 e 29 de outubro, a vice-governadora lidera com 28% das intenções de voto todos os cenários testados para o Governo do DF em 2026, consolidando-se como a principal herdeira política de Ibaneis Rocha.
A sondagem ouviu 800 eleitores, com margem de erro de 3,5 pontos percentuais e nível de confiança de 95,5%, e indica uma dianteira confortável para Celina sobre o segundo colocado, o ex-governador José Roberto Arruda (PL), que aparece com 14%. Em seguida vêm Leandro Grass (PV/Frente de Esquerda), com 12%, e o deputado federal Fred Linhares (Republicanos), com 10%. Izalci Lucas (PSDB) e Ricardo Capelli (sem partido) completam a lista com 4% cada. Brancos e nulos somam 19%, enquanto 8% dos entrevistados ainda não decidiram o voto.
Mais do que um número isolado, o resultado simboliza uma tendência. Celina Leão aparece como a figura capaz de traduzir continuidade e estabilidade — duas moedas raras em tempos de volatilidade política. O eleitorado que a impulsiona tem perfil definido: homens, evangélicos e moradores das regiões periféricas, segmentos que associam a vice a um discurso pragmático, voltado à segurança e à manutenção de políticas públicas.
Esse recorte revela também um reposicionamento do campo conservador, que antes orbitava em torno de nomes como Arruda e Fred Linhares, mas agora reconhece em Celina um projeto político mais viável e com musculatura administrativa. Ela herda o capital político de Ibaneis sem precisar romper com o governo, e isso lhe garante visibilidade institucional e espaço de articulação — uma vantagem decisiva na largada.
O tabuleiro em movimento
Nos cenários simulados sem Arruda, Celina amplia sua vantagem para 32% das intenções de voto, enquanto Grass sobe para 15% e Fred Linhares para 12%. Quando a disputa é reduzida a três nomes — sem Arruda e sem Grass —, a vice-governadora atinge 35%, praticamente o dobro do segundo colocado. O avanço numérico é sintoma de algo maior: a consolidação de uma liderança política feminina num território historicamente dominado por homens.
O resultado também reacende uma disputa silenciosa no campo governista. Enquanto Ibaneis ainda define seu papel em 2026, parte de sua base já se movimenta para garantir espaço no futuro governo, caso Celina confirme a candidatura. Nos bastidores, partidos da base do PP, Republicanos e MDB discutem composição antecipada de alianças, prevendo um cenário de união entre as alas que hoje comandam o Buriti.
Há um componente simbólico na ascensão de Celina. Ela é a primeira mulher em décadas a liderar com folga a corrida pelo Buriti, e faz isso sem recorrer à retórica de enfrentamento. Sua imagem pública combina firmeza e diálogo, atributos que lhe rendem apoio transversal — do empresariado a lideranças religiosas.
Num momento em que o eleitor brasiliense busca segurança e previsibilidade, Celina Leão surge como uma candidatura que não promete ruptura, mas continuidade com autoridade. O eleitor parece recompensar o reconhecimento e a experiência, mais do que a promessa de novidade.
O dado político é claro: o tabuleiro do DF se move, mas, neste momento, os demais jogadores giram em torno de um eixo chamado Celina Leão.
