A manhã desta quinta-feira (27) entrou para a história do esporte brasiliense. Sob o sol forte, o governador Ibaneis Rocha deu a largada simbólica para a reabertura do Autódromo Internacional de Brasília, fechado há quase 12 anos. A cerimônia contou com a presença de pilotos, autoridades e centenas de trabalhadores que participaram da obra, encerrando uma espera longa para fãs e consolidando o circuito entre os mais modernos do país.
Com investimento inicial de R$ 60 milhões, o Governo do Distrito Federal concluiu a primeira fase da reforma, parte de um plano maior de recuperação de equipamentos públicos, o mesmo que recolocou em funcionamento o Museu de Arte de Brasília, a Sala Martins Pena e a Casa de Chá.
Ibaneis destacou que a revitalização do autódromo simboliza uma retomada de autoestima da capital. “Brasília passou anos vendo seus espaços culturais e esportivos fechados. Estamos corrigindo essa página. Reabrir esse autódromo é devolver à população um patrimônio que movimenta esporte, lazer, cultura, turismo e emprego”, afirmou.
A pista reformada mantém o projeto original do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF), mas recebeu avanços que mudam completamente sua performance. Agora, o circuito de 5.384 metros, com 16 curvas, duas variantes e seis traçados possíveis, opera sobre um pavimento considerado referência para competições. São 20 centímetros de asfalto gap graded, um material de alta tecnologia que aumenta a aderência dos pneus, evita deformações, garante melhor drenagem e tem durabilidade estimada em 20 anos.
A modernização do autódromo envolveu um amplo conjunto de intervenções. Entre as principais obras estão terraplanagem, instalação de nova rede de drenagem e reforço nos itens de segurança: 13 áreas de escape, 10 mil metros de guard rails, 40 mil metros de caixas de brita e 90 mil pneus distribuídos segundo normas técnicas internacionais.
O presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), Giovanni Guerra, ressaltou a importância desse avanço estrutural ao entregar a homologação da pista. “O que Brasília oferece agora é um autódromo pleno, seguro e pronto para receber provas de alto nível. Este é um retorno muito aguardado pelo automobilismo brasileiro”, afirmou.
A festa de reabertura ganhou peso emocional com a presença de nomes históricos. O tricampeão Nelson Piquet, que marcou gerações no traçado da capital, percorreu a pista e celebrou a nova fase do espaço que leva seu nome. “Depois de tantos anos parado, é emocionante ver o autódromo renascer. Brasília sempre mereceu ter esse palco ativo, e agora ele volta ainda melhor do que antes”, comentou.
A vice-governadora Celina Leão ressaltou o impacto econômico gerado pela retomada. “Ter esse equipamento funcionando novamente significa trazer turistas, movimentar a rede hoteleira, impulsionar empregos e ampliar oportunidades para o setor do esporte. O Distrito Federal só tem a ganhar”, avaliou.
A reativação também animou pilotos da nova geração. O brasiliense Enzo Elias, que correrá diante da própria torcida, não escondeu o entusiasmo ao pisar no circuito reformado. “Eu cresci sonhando em competir aqui. Entrar na pista hoje me deu um arrepio. Vai ser um momento histórico para todos nós que somos da capital”, disse.
E a agenda não poderia começar de forma mais simbólica: a Stock Car será a primeira categoria a acelerar no novo asfalto. A 11ª etapa da temporada ocorre neste sábado (29) e domingo (30), com entrada gratuita para até 30 mil pessoas por dia. A programação reúne treinos, classificações e provas da Stock Light e da BRB Stock Car Pro Series, atraindo pilotos como Nelson Piquet Jr., Lucas Foresti e Enzo Elias, que correrá “em casa” pela primeira vez.
Segundo Ibaneis, a procura por datas para eventos surpreendeu o governo. “A pista acabou de ser entregue e nós já temos mais de 50 pedidos para competições e eventos para o próximo ano. A meta é que o autódromo tenha atividades praticamente todos os fins de semana”, afirmou o governador.
As obras não param por aqui. As duas etapas seguintes, que elevarão o investimento total a R$ 100 milhões, vão completar o conjunto do complexo com a construção dos novos boxes, do kartódromo, do centro médico e do Racing Center, um espaço que reunirá museu, lojas e áreas para eventos, ampliando o caráter multifuncional do autódromo.
Ao final da cerimônia, com o barulho dos motores começando a ocupar o lugar do silêncio que dominou o local por mais de uma década, o sentimento era unânime: Brasília recuperou não apenas uma pista, mas um símbolo de sua identidade esportiva.


