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Aliança entre Ibaneis e Michelle Bolsonaro redesenha o xadrez político do DF para 2026

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A política brasiliense ganhou novos contornos nesta semana com o anúncio da aliança entre o governador Ibaneis Rocha (MDB) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), ambos pré-candidatos ao Senado Federal em 2026. O pacto foi selado em um encontro estratégico com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro e Carlos Bolsonaro, realizado em Brasília, na casa do bispo JB Carvalho. Mais do que uma composição de interesses, a união representa um redesenho profundo das forças políticas que disputarão o comando da capital federal nos próximos anos.

Com essa movimentação, o campo conservador se antecipa e forma uma frente coesa em torno de três figuras centrais: Ibaneis Rocha, Michelle Bolsonaro e Celina Leão (PP), vice-governadora e pré-candidata ao Governo do Distrito Federal. A estratégia é clara: manter o domínio institucional do DF, reforçar a representação no Senado e garantir um palanque sólido para a direita em 2026.

Uma composição de pesos pesados

A leitura política da aliança indica que o governador Ibaneis não apenas consolida sua posição como principal articulador do bloco governista, mas também potencializa seu capital eleitoral ao se associar à imagem de Michelle, que vem sendo preparada pelo PL como símbolo feminino da nova direita brasileira. Para além do carisma, Michelle possui forte apelo junto ao eleitorado evangélico e conservador — segmentos que são determinantes no DF.

Segundo dados do TSE, o Distrito Federal teve mais de 70% de comparecimento eleitoral em 2022, com predominância de votos em candidaturas alinhadas à direita. Jair Bolsonaro obteve 58,81% dos votos válidos no primeiro turno no DF, enquanto Ibaneis Rocha foi reeleito com 50,3%, encerrando a disputa sem a necessidade de segundo turno. A senadora Damares Alves (Republicanos), também representante do campo bolsonarista, foi eleita com mais de 714 mil votos — cerca de 44,98% do total. Esses números consolidam o DF como um reduto de centro-direita, sobretudo em disputas majoritárias.

Um Senado em disputa e a fragilidade da esquerda local

A intenção de lançar dois nomes fortes ao Senado parte de uma leitura pragmática: com duas vagas em disputa em 2026, o bloco governista acredita que pode emplacar ambos os candidatos com folga, desde que mantenha a unidade. A aposta em Michelle Bolsonaro visa equilibrar o peso de Ibaneis, que entra na disputa com a força da máquina pública e do desempenho administrativo, mas carrega desgaste com setores mais críticos ao seu governo. Michelle, por outro lado, chega com a imagem blindada e capacidade de mobilização de massa.

Enquanto isso, a oposição segue fragmentada. O Partido dos Trabalhadores e demais siglas de esquerda enfrentam dificuldades históricas de articulação no DF. Embora Lula tenha vencido Jair Bolsonaro no segundo turno em 2022 no cenário nacional, no Distrito Federal sua performance foi significativamente inferior. O deputado distrital Gabriel Magno (PT), um dos principais nomes da esquerda local, já reconheceu publicamente que o campo progressista não tem conseguido ocupar o centro político, perdendo espaço para a narrativa conservadora.

Celina e o projeto de continuidade

Outro elemento importante dessa nova configuração é a presença de Celina Leão como pré-candidata ao GDF. Filiada ao PP e atualmente vice-governadora, Celina atua como figura de transição entre o ibaneísmo e o bolsonarismo. Com passagem expressiva pela Câmara Legislativa e pela Câmara dos Deputados, ela tem perfil combativo e forte articulação junto às bancadas religiosas e empresariais.

Sua candidatura carrega o simbolismo de continuidade da atual gestão, mas com linguagem e estilo próprios. Ao se aliar a Michelle e Ibaneis, Celina fortalece sua posição como nome natural da direita para a sucessão no Buriti.

Um bloco com fôlego e estrutura

A aliança MDB-PL-PP se amplia com o apoio já sinalizado de partidos como Republicanos, União Brasil e PSD, este último liderado no DF por Paulo Octávio. A composição projeta não apenas força eleitoral, mas também capilaridade política e acesso a recursos partidários robustos. É uma frente com estrutura, discurso e base social consistente, algo que poucos grupos no DF conseguem mobilizar.

A aposta é que essa coesão antecipe a narrativa eleitoral e neutralize candidaturas isoladas que tentam emergir no campo da direita, como as de Fred Linhares (Republicanos) e Izalci Lucas (PL), cujos nomes circulam como possíveis postulantes ao GDF, mas sem apoio consolidado dentro dos próprios partidos.

A aliança entre Ibaneis Rocha e Michelle Bolsonaro, com o suporte de Jair Bolsonaro e a projeção de Celina Leão ao governo, não é apenas um pacto eleitoral — é a sinalização de um projeto político integrado que mira longe. Com base consolidada, discurso alinhado e respaldo popular, o bloco conservador sai na frente no tabuleiro político do DF. Resta saber como a oposição — à direita e à esquerda — se articulará diante de um campo tão bem estruturado.

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