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Rede de sonegação é desmontada no DF com apreensão bilionária

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A cada caminhão parado na estrada, um pedaço do mercado informal do Distrito Federal é revelado. Entre janeiro e outubro de 2025, a fiscalização tributária da Secretaria de Economia (Seec-DF) realizou 47 operações e apreendeu mais de R$ 2 bilhões em mercadorias que circulavam sem nota fiscal ou com documentação irregular. Com esse volume, os auditores abriram processos para cobrança de R$ 847,2 milhões em tributos, juros e multas, valores que ainda podem ser contestados pelas empresas autuadas.

Os números mostram a escala da economia clandestina que abastece bares, mercados, distribuidoras e pontos de venda informais. Só de cerveja, foram 1,447 milhão de unidades recolhidas. De chope, 4,3 mil litros. As bebidas destiladas, como cachaça, uísque, rum, gim e conhaque, somaram 236,3 mil garrafas. Energéticos, um dos itens mais procurados por atravessadores, chegaram a 116,4 mil unidades.

O impacto também aparece nos refrigerantes: 162,5 mil latas e o equivalente a 24 mil garrafas de 2 litros estavam prontos para abastecer o varejo sem pagamento de imposto.

A lista vai além das bebidas. Foram recolhidos 24 mil pares de calçados que seguiam por rotas rodoviárias para driblar o controle fiscal. A fiscalização reteve ainda 50,3 mil metros cúbicos de madeira, 13,1 quilo de fumo e uma grande quantidade de alimentos. Entre eles, 171 mil quilos de carne de frango e 69,3 mil quilos de carne bovina, muitos sem comprovação de origem ou cadeia de refrigeração.

Operação Fronteira

A Operação Fronteira, realizada entre 20 e 31 de outubro, em parceria com a Receita Federal, órgãos sanitários e forças policiais, foi a mais expressiva do período. Nas rodovias que cortam o DF, os auditores interceptaram R$ 134,7 milhões em produtos irregulares. As cobranças decorrentes dessa ação chegaram a R$ 39,2 milhões.

Só em confecções, como roupas sem procedência ou falsificadas, foram R$ 40 milhões em apreensões. Chamou atenção também o volume de açaí: 15 toneladas avaliadas em R$ 261 mil, sem certificação fitossanitária.

Segundo o coordenador de Fiscalização da Seec, Silvino Nogueira Filho, o objetivo da ação era claro. “Focamos em contrabando, descaminho e mercadorias sem certificação. Entravam eletrônicos, medicamentos, brinquedos, cosméticos e vestuário falsificado. Tudo isso causa prejuízo ao consumidor e ao comércio regular.”

Concorrência desleal

Para os gestores, a apreensão de mercadorias irregulares não é apenas uma questão de arrecadação, mas de equilíbrio do mercado.

O secretário de Economia do DF, Daniel Izaias de Carvalho, afirma: “Quem paga imposto financia os serviços públicos. Quem frauda desequilibra o mercado e prejudica o comércio que cumpre a lei.”

O subsecretário da Receita, Clidiomar Pereira Soares, reforça que o objetivo é manter o ambiente comercial saudável. “Não se trata só de apreender. É garantir que os empregos não sejam corroídos pela concorrência ilegal e que o tributo retorne em serviços para a população.”

Próximos passos

A Seec-DF pretende intensificar ações em rotas de entrada e distribuição, especialmente no transporte rodoviário e aeroportuário, onde ainda há brechas para circulação sem documentação.

O recado é direto: o fluxo irregular está identificado e o cerco deve apertar nos próximos meses.

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